Aposentados que recebem até um salário mínimo somam mais de 28 milhões
Especialista em direito previdenciário, Ubiratãn Dias, comenta sobre os desafios financeiros enfrentados pelos aposentados após a Reforma da Previdência
Entre os benefícios mais acessados por quem recebe o piso nacional, a aposentadoria por idade lidera, com 11 milhões de beneficiários. (Divulgação | Prodbdf)O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) paga mensalmente 40,7 milhões de benefícios previdenciários e assistenciais, conforme a folha de dezembro de 2024. Desses, 28,5 milhões são de até um salário mínimo (R$1.518), enquanto 12,2 milhões recebem valores acima do piso nacional. O teto previdenciário é de R$10,6 mil. Do total, 6,3 milhões são benefícios assistenciais e 34,4 milhões previdenciários.
Entre os benefícios mais acessados por quem recebe o piso nacional, a aposentadoria por idade lidera, com 11 milhões de beneficiários. Mulheres podem se aposentar com 62 anos e 15 anos de contribuição, enquanto homens devem atingir 65 anos e 20 anos de contribuição. Há ainda regras de transição para segurados que já estavam no sistema antes da Reforma da Previdência.
Para o advogado especialista em direito previdenciário Ubiratãn Dias, a distribuição dos benefícios previdenciários revela um desafio financeiro para os aposentados brasileiros. “A grande maioria dos segurados recebe apenas um salário mínimo porque contribuiu sobre esse valor durante a vida laboral. Além disso, a Reforma da Previdência alterou a fórmula de cálculo, impactando diretamente os rendimentos da aposentadoria”, explica.
A pensão por morte soma mais de 5 milhões de beneficiários e é concedida aos dependentes do segurado falecido. O valor inicial é de 50% da renda do segurado, acrescido de 10% por dependente, com limite de 100% do rendimento. Já o Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas com deficiência, que atende mais de 3 milhões de brasileiros, é garantido a quem comprovar vulnerabilidade social e deficiência de longo prazo. O BPC para idosos acima de 65 anos, também destinado a pessoas de baixa renda, atende mais de 2 milhões de beneficiários. Ambos os benefícios não exigem contribuição prévia ao INSS.
A aposentadoria por invalidez é concedida a quase 2 milhões de segurados, desde que seja comprovada incapacidade permanente para o trabalho. O benefício pode ser suspenso caso o aposentado recupere sua capacidade laboral.
O advogado alerta que a média de benefícios caiu com as novas regras. “Antes, eram consideradas apenas as 80% maiores contribuições. Agora, todas as contribuições desde 1994 entram no cálculo, reduzindo a média final. Para quem deseja um benefício maior, é essencial um planejamento previdenciário estratégico”, orienta.
Além disso, para quem ainda contribui, é importante revisar as alíquotas de contribuição e definir uma estratégia para garantir um benefício mais vantajoso no futuro. “Contribuir como autônomo na alíquota de 20% pode ser uma opção para quem deseja receber um valor acima do mínimo, garantindo um benefício mais adequado às necessidades futuras”, conclui o especialista.