Construção civil em 2025: apostas e
tendências para ficar de olho
Cenário econômico, novas tecnologias e abordagens construtivas, preocupação sustentável e prioridades de consumo refletirão nos movimentos do mercado imobiliário goiano, adiantam Ademi-GO e incorporadores
O mercado imobiliário e a
construção civil são um segmento movido pela capacidade de reinvenção, e que
promete ter um novo ano influenciado por alterações no contexto econômico,
aprimoramentos tecnológicos e novas técnicas construtivas, pelas variações no
comportamento dos consumidores, além das preocupações sustentáveis. Para o
presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás
(Ademi-GO), Felipe Melazzo, o mercado goiano tem como principal propulsor o
crescimento populacional e de renda per capita, que tendem a movimentar desde o
nicho de habitações populares até o alto padrão, assim como os investimentos em
imóveis para locação e a procura por regiões mais valorizadas. Do outro lado,
os incorporadores estão atentos aos desafios do aumento nas taxas de juros, à
implementação de tecnologias que otimizem processos e reduzam custos, ao
compromisso sustentável e aos diferenciais de bem-estar e segurança.
Uma tendência firmada é a dos empreendimentos multiuso, que
contam com unidades residenciais e salas comerciais. “Estão consolidados nos
grandes centros urbanos e em Goiânia não será diferente. O facilitador
relacionado a mobilidade urbana é o principal ponto na busca por esse perfil de
investimento”, diz. Segundo ele, as pesquisas já demonstram o aumento na
procura de imóveis para locação. “Isso faz com que os compactos que atendem a
essa demanda sejam mais viabilizados e contribuam para aquecer o mercado”,
explica. Melazzo afirma que um desafio para o segmento é viabilizar os
empreendimentos no cenário de juros altos. “O que nos deixa mais tranquilos é
que a sinalização da queda está próxima, de modo que o governo já tem tomado as
ações para que a Selic comece a baixar de forma gradativa e rápida”.
Regiões valorizadas
Outro termômetro de
localização ideal para novos empreendimentos são as pesquisas que apontam as
regiões de maior valorização da cidade. De acordo com dados recentes da Geobrain,
plataforma da Brain Inteligência Estratégica, o Jardim Goiás está entre os
bairros mais valorizados de Goiânia, com o metro quadrado avaliado em R$
10.388, juntamente com os setores Marista, Bueno e Oeste. O presidente do
Conselho da Ademi-GO e CEO da SOMOS Desenvolvimento Imobiliário, Fernando
Razuk, aposta que os imóveis de Goiânia continuarão nessa crescente, e o Jardim
Goiás é o bairro com maior destaque este ano. Para ele, o setor é muito
almejado em função da proximidade com o Shopping Flamboyant, além de
hipermercados, universidades e ao Parque Flamboyant, o que contribui para o
aumento na procura. “É bairro muito desejado e tem uma oferta muito baixa de
apartamentos à venda. É o cenário ideal para a tendência de valorização. Além
disso, a região passará por importantes melhorias, como a concessão do Estádio
Serra Dourada, que promete revitalizar todo o seu entorno, novas grifes e
restaurantes no Shopping Flamboyant e lançamentos imobiliários exclusivos”,
justifica.
Tecnologia e processos
O superintendente de incorporação da
Terral Incorporadora, Marcus Vinicius Viana, indica um setor cada vez mais
integrado à tecnologia e à inovação. A inteligência artificial é uma das
grandes apostas para o futuro e está revolucionando o uso de câmeras de
segurança, tornando-as mais eficientes e proativas. A Terral já conta com dois
empreendimentos com IA para a área de segurança: o Casa Conceito, localizado no
Setor Oeste, em Goiânia, e o Eleva 25, em Brasília. O sistema utiliza o recurso
para diversas finalidades, e através da identificação de pessoas por meio do
reconhecimento facial e veículos por meio da leitura das placas, monitora de
comportamentos suspeitos e ajusta os níveis de vigilância do prédio. “A
inteligência artificial tem revolucionado não só a fase de desenvolvimento dos
produtos, mas também na gestão de condomínios. Entendemos que os moradores
buscam conforto, qualidade de vida, bem-estar e segurança ao escolher a
moradia”, explica.
Do MCMV ao alto padrão
O diretor de Incorporação da EBM
Desenvolvimento Imobiliário, Marcos Túlio Campos, aponta dois segmentos
principais. “No âmbito do público econômico, acreditamos na manutenção da alta
velocidade de vendas de empreendimentos vinculados ao programa Minha Casa Minha
Vida, especialmente devido aos recursos destinados pelo governo para este
segmento, que atende famílias com renda de até R$ 8 mil”, explica. Já para o
mercado de média e alta renda, Marcos Túlio ressalta a crescente demanda por
produtos com maior valor agregado. “Hoje, o cliente não prioriza apenas o
preço; ele busca localização privilegiada, itens robustos de segurança,
comodidades como minimercados e lockers inteligentes, além de
tecnologias nos empreendimentos. Produtos que incorporam serviços
diferenciados, como parcerias com operações hoteleiras e de gestão, também têm
se tornado uma forte tendência, atendendo a um público cada vez mais exigente”,
finaliza.
O diretor Comercial e Marketing da
Sousa Andrade Construtora, Bruno Alcântara, destaca segmento de alto padrão,
foco principal da empresa. “Embora o cenário econômico nacional apresente
desafios, existem pilares sólidos que impulsionam o crescimento do setor, como
o alto número de vagas de emprego abertas que refletem a resiliência do
mercado”, analisa. Bruno também ressalta o protagonismo de Goiás, que caminha
para se consolidar como o segundo maior mercado imobiliário do país, e enfatiza
o potencial dos compactos de luxo como opção para investidores. “A volatilidade
do mercado financeiro leva muitos à busca pela segurança do investimento em
imóveis. O perfil patrimonialista do público local reforça ainda mais essa
tendência. Por isso, na Sousa Andrade, iniciamos 2025 com o lançamento de um
empreendimento nesse perfil,” conclui.
Luxo, lazer e sustentabilidade
O mercado tem introduzido novos
conceitos que ampliam a ideia de luxo e exclusividade, como os home resorts
e small luxury clubs, por exemplo, com as suas infraestruturas dignas de
hotéis cinco estrelas. Essa é uma aposta da Opus Incorporadora, que trouxe o
conceito inédito para Goiânia com seu último lançamento: um clube de alto
padrão, com áreas de esporte, saúde e bem-estar, sustentado pelos pilares Racquets,
Beauty, Gym e Social. Esse perfil de empreendimento conta com quadra
de tênis e beach tennis para duplas, academia completa, espaços para
yoga e pilates, spa com sauna, ofurô e sala de massagem, além de bar e lounge.
“Trata-se de um movimento internacional que materializa a força do clube
privativo em gerar desejo pelo exclusivo. E nós sabemos que é isso que cliente
goiano de alto padrão procura”, explica diretor de Marketing da Opus
Incorporadora, Guilherme Eduardo Martins.
Dados divulgados pela Brain &
Company, em 2024, apontam um crescimento médio anual de 18% no mercado de
luxo, com projeção de atingir R$ 130 bilhões até 2030. Na Consciente
Construtora e Incorporadora, a previsão de crescimento para 2025 é de 10% a
15%. De acordo com o diretor comercial da empresa, Júlio Torres, uma das
tendências que se destacam cada vez mais nesse nicho é a sustentabilidade. O World
Trade Center Goiânia (WTC) é referência em Goiânia, com a utilização de
elevadores que regeneram a energia, estrutura para captação de água da chuva,
placas fotovoltaicas, que não só tem influência direta no impacto ambiental
como também estão aliadas a diminuição considerável dos custos de manutenção de
condomínio. "A Consciente foi pioneira em ações sustentáveis, focando na
redução do impacto ambiental e dos custos para o investidor. Estamos atentos a
essas tendências para oferecer o que há de melhor, com empreendimentos que
aliam autenticidade, sustentabilidade, luxo, excelência na mão de obra e escolha
de produtos", destaca.
Na decoração
Na arquitetura e decoração ainda
prevalece a ideia de que ‘menos é mais’. “As pessoas já vêm explorando misturas
de cores vibrantes, mas o minimalismo segue em 2025. Além disso, as casas
inteligentes, os espaços multifuncionais e acolhedores continuarão com tudo”,
comenta a arquiteta da Brasal Incorporações, Lia Galera. Vale lembrar também
que a cor Pantone de 2025 é o mocha mousse, um tom de marrom suave e
quente, mas o ‘cherry red’, que é um vermelho cereja, também deve estar
bem presente na decoração. “Para compor os ambientes com acolhimento e
personalidade, a melhor escolha serão objetos que tenham significado emocional,
que estabeleçam conexão e contem histórias. Não é à toa que elementos
personalizados e feitos a mão estão em alta”, comenta. Ela explica que
continuam também a necessidade de contato com a natureza e as estratégias de
design ecológico e biofilia.
Conexão com a natureza
Para a diretora de incorporações da
Dinâmica Incorporadora, Patrícia Garrote, duas tendências que seguem em alta em
2025 são projetos sustentáveis e conectados à natureza e a oferta de
empreendimentos com infraestruturas de lazer de alto nível. Ela explica que o
quesito sustentabilidade virou uma exigência. “Se há alguns anos esse item
tinha destaque nos projetos com o uso de materiais recicláveis, tecnologias
para economia de energia e reaproveitamento de água da chuva, recentemente o
mercado tem ido além, trazendo uma conexão genuína com a natureza, o que tem
feito da biofilia uma tendência cada vez mais forte nos empreendimentos”,
explica. A biofilia pode estar presente em fachadas verdes, no uso de materiais
naturais, como madeira e pedras, texturas e cores em tons terrosos, ou em
recursos que potencializem a iluminação natural e a ventilação cruzada, todos
elementos explorados no último lançamento da Dinâmica, o Envolt Biophilic
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