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Desastre no Rio Grande do Sul também afeta acesso de diabéticos a insulina

 

Médico endocrinologista explica como a dificuldade no acesso ao medicamento impacta no organismo de pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2

 Moradores do Rio Grande do Sul têm sofrido com as fortes enchentes que atingem o estado há semanas. Entre as várias consequências do desastre ambiental está a perda de estoques de medicamentos, como é o caso da insulina, essencial para pessoas com diabetes.

Nos últimos dias, a Sociedade Brasileira de Diabetes e diferentes institutos arrecadaram medicamentos dentro do prazo de validade para as vítimas das enchentes, em especial insulinas e insumos como glicosímetros, fitas, seringas e agulhas de canetas.

Médico endocrinologista, o doutor em endocrinologia clínica Flavio Cadegiani explica como a dificuldade de acesso a insulina pode gerar risco de vida para pessoas que têm diabetes tipo 1 e tipo 2. No caso do diabetes tipo 1, a necessidade é ainda maior.

“O paciente portador de diabetes tipo 1 não tem produção de insulina ou tem produção insuficiente. Isso porque a origem do diabetes tipo 1 é basicamente a destruição das células produtoras de insulina no pâncreas, que são as células beta. Ou seja, a insulina é de extrema importância e ela é literalmente vital para a sobrevivência dessas pessoas”, explica o especialista em endocrinologia e metabolismo pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (SBEM).

De acordo com Cadegiani, pessoas com diabetes tipo 1 plena, que não têm qualquer produção de insulina, não podem ficar mais do que alguns dias sem insulina. “Hoje, a insulina máxima dura de 24h a 36 horas. Passando disso, a pessoa entra em um quadro dramático e precisando de cuidados em terapia intensiva”, afirma.

Já no caso do tipo 2, o médico explica que a doença está relacionada a uma resistência extrema à insulina. “Quando a pessoa desenvolve diabetes, por mais que ela produza bastante insulina, essa insulina é insuficiente para o que o corpo requer. Essas pessoas tendem a conseguir ficar mais tempo sem o medicamento porque elas ainda têm uma produção residual de insulina, então elas conseguem ficar mais tempo nos medicamentos orais”, complementa.

“Em suma, o envio desses medicamentos e insumos para o Rio Grande do Sul é uma ação mais que necessária para salvar também essas vidas”, conclui Flavio Cadegiani.

Governo envia insumos

Conforme o Ministério da Saúde, o governo já enviou cerca de 30 mil frascos de insulina, 287 mil canetas e 1,8 milhão de agulhas de aplicação ao Rio Grande do Sul. Nessa segunda-feira, foram entregues em Porto Alegre mais 43 mil frascos, 330 mil canetas e 1 milhão de agulhas.

O governo recomenda que os pacientes que não encontrarem o produto nas unidades de saúde que estão habituados, por estarem fechadas ou perdido os estoques, procurem orientação com as autoridades locais para saberem onde medicamentos e insumos estão sendo disponibilizados.

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