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Opinião: Uma escola para todos

Alessandra Samaan*


Em cada escola, com tantos alunos, seria chover no molhado dizer que cada um é diferente do outro. Somos muitos e muito diversos. E é justamente nessa diversidade que reside boa parte das ricas possibilidades do ambiente escolar. Sabemos, portanto, que o respeito às diferenças é fundamental para a educação das crianças e jovens e para a construção de um mundo mais justo e inclusivo.

Trabalhar com a cultura da diferença é partir do pressuposto de que nem todos os alunos aprendem do mesmo jeito e ao mesmo tempo. Muito além das diferenças físicas entre eles, há inúmeras diferenças contextuais, emocionais e de vivências que influenciam no dia a dia da escola e nos resultados buscados pelos educadores. Por isso, dois princípios basilares devem acompanhar nossa sociedade constantemente: o respeito ao indivíduo e o combate a todo tipo de preconceito. Incluir não é um ato apenas de boa vontade, mas de planejamento. É necessário adotar estratégias didáticas variadas para que todos se sintam incluídos.

Ao contrário do que se pode pensar, isso não elimina todas as regras e rotinas envolvidas no processo de ensinar e aprender, mas reconhece que cada sujeito é único e tem direito a um ambiente múltiplo em que todos possam adquirir conhecimentos e crescer juntos. Ou seja, quando se trata de Educação, é importante acreditar na diferença como uma riqueza, não como um empecilho ou uma barreira. Esse pensamento primordial é o responsável por conduzir todo o trabalho de inclusão realizado por professores e equipe pedagógica.

Afinal, já se sabe, a vida escolar não é feita apenas do processo de ensino e aprendizagem de conteúdos formais. Ao longo dos anos que crianças e adolescentes passam entre os muros da escola, eles estão também desenvolvendo uma parte importante da personalidade e habilidades sociais. É esse “currículo oculto”, portanto, que garantirá, no futuro, que os estudantes cheguem à vida adulta mais tolerantes, reconhecendo o valor de seus pares pelas batalhas que enfrentam e, assim, praticando a alteridade no dia a dia.

A importância de construir uma sociedade em que se valoriza o respeito pela diferença é incalculável. Por meio desse ambiente de tolerância e respeito, os estudantes podem se sentir mais seguros para afirmar a própria identidade, tomar decisões seguras e ter força para se posicionar nas mais variadas situações. As crianças podem e devem reconhecer e valorizar as diferenças entre as pessoas. É assim que elas desenvolvem a capacidade de reconhecer em si mesmas as características que as diferenciam umas das outras, ver-se como sujeitos de direitos e indivíduos importantes para o mundo.

Abrir caminhos para que as pessoas se descubram e descubram também o outro é uma parte fundamental do trabalho de educar. Os verdadeiros educadores, apaixonados pela Educação, devem ter isso como uma missão inegociável. São as crianças de hoje que permitirão, no futuro próximo, que a humanidade encontre uma vida mais saudável para todos. A condição para uma sociedade democrática são cidadãos que dialoguem bem com a diversidade, seja na escola, no trabalho, com a vizinhança ou em qualquer outro âmbito - e os cidadãos de amanhã já estão sendo formados hoje, por nós, educadores, nas tantas salas de aula espalhadas pelo mundo.

*Alessandra Samaan é gerente de formação e assessoria do Sistema Positivo de Ensino.

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