O Agronegócio é um ambiente empresarial composto na
maioria por empresas de gestão familiar e essa relação mistura a complexidade
do negócio com as delicadas interações entre pais e filhos, patriarcas e
herdeiros.
“Um dos aspectos mais sensíveis, sem dúvidas, é a
sucessão familiar, em que uma geração terá de passar a outra ou até escolher
uma pessoa de fora para dar continuidade à gestão e ao crescimento do negócio
no campo. Um desafio que, conforme demonstram dados do IBGE, impacta empresas
familiares de todo o Brasil, pois apenas 30% chegam à segunda geração e ínfimas
5% à terceira”, explica Gilson Faust, consultor sênior da GoNext Governança
& Sucessão com experiência de mais de 30 anos em
consultoria empresarial.
Segundo Faust, os dados do IBGE apontam para uma
realidade comum em empresas que conduzem a sucessão familiar sem antes se
prepararem adequadamente para isso. “A falta de um processo estruturado e bem
planejado de identificação, além da preparação e o acompanhamento da sucessão
tanto na pessoa do sucessor quanto na do sucedido, são os pontos principais que
podem levar ao fracasso dessa iniciativa”, afirma.
Naturalmente, existem barreiras que devem ser analisadas
antes de iniciar o efetivo processo de sucessão. A primeira delas é a
resistência do patriarca, muitas vezes centralizador, que se sente inseguro e
com pouca confiança para permitir a sucessão aos herdeiros ou até a um
executivo externo.
“Nesse caso, é fundamental estipular regras claras e
previsíveis, orientadas por ferramentas científicas de avaliação de potencial
dos sucessores, seja ele familiar ou de mercado, e também fixando o novo papel
para o sucedido patriarca, que terá que enxergar como ele no novo momento de
vida também pode acompanhar a evolução e desenvolvimento do negócio, mesmo que
não atuando diretamente na operação”, esclarece Faust.
Mas
e se o herdeiro não tiver capacidade para assumir o negócio?
Faust
conta que muitas vezes ocorre frustração do patriarca ao perceber que os
herdeiros não têm habilidade para assumir a gestão dos negócios. No entanto,
por mais que as expectativas não tenham se concretizado, é necessário entender
que muitas vezes não adianta “esticar a corda”.
“Nesses casos, o patriarca deverá estar preparado para
atrair um executivo de mercado, desenvolvendo instrumentos e órgãos para se
relacionar, orientar e acompanhar a gestão profissionalizada, e ao mesmo tempo,
identificar os papéis e responsabilidades que o herdeiro terá como sócio”,
orienta o consultor.
“Além disso, caso haja mais de um herdeiro, é importante
primar pela harmonia familiar, mas também escolher de maneira acertada aquele
que tem maior capacidade técnica para assumir a gestão da empresa. Por isso, é
preciso demonstrar que o escolhido tem as habilidades e competências
necessárias para atuar na vaga, precedido de criteriosa avaliação de potencial
devidamente aplicado”, completa.
Quais
etapas essenciais devem ser cumpridas no processo de sucessão?
Antes
de tudo, é essencial entender os gatilhos que apontam para a necessidade da
sucessão. Geralmente, os parâmetros mais comuns que dão esses sinais são a
eventual perda de desempenho da empresa, demora no processo de decisão, decisão
unilateral do sucedido e doença ou morte do sucedido. Cada um deles requer uma
metodologia própria, que leva em considerações não só fatores técnicos, mas
também emocionais presentes nessas situações.
“Após a análise, o processo segue quatro etapas
essenciais: planejamento; identificação do melhor modelo de condução; avaliação
do potencial dos candidatos; escolha, integração e acompanhamento do novo
executivo. O ideal é que o sistema de governança corporativa seja instalado e
seus respectivos órgãos atuem em todas as etapas do processo”, resume Faust.
Importante destacar que a sucessão deve ser conduzida em
um ambiente de harmonia societária e familiar, algo que geralmente atingido
quando há planejamento, preparação e critérios técnicos e objetivos para a
condução do processo.
Quais
são os benefícios da sucessão familiar no agronegócio?
A compreensão sobre a importância da sucessão tem
crescido consideravelmente, na esteira da profissionalização da gestão no
campo.
O setor entende que a gestão deve avançar cada vez mais
para poder enfrentar a concorrência internacional e atingir a melhor
performance do negócio.
“O processo de sucessão bem conduzido traz benefícios
ímpares aos negócios, pois geralmente o sucessor possui ideias, experiências e
competências técnicas e emocionais diferentes do sucedido, impulsionando a
modernização de toda a operação e cultura empresarial e utilizando a tecnologia
como grande aliado”, ressalta Gilson Faust.
De acordo com o consultor, a criação do conselho
consultivo, que se transforma em um guardião de todos os procedimentos que
envolvem o alcance do melhor desempenho do negócio familiar, é essencial, pois contribui
para que as principais decisões estratégicas sejam corretamente tomadas, com
uma carga grande de racionalidade e pouca interferência emocional.
Sobre a GoNext Governança & Sucessão:
consultoria especializada na implantação do sistema de governança corporativa e
sucessão em empresas familiares. Fundada em 2010, atua com metodologia
exclusiva para a profissionalização, elaborada a partir da experiência adquirida
em mais de 180 projetos atendidos no Brasil e nos EUA. A equipe de consultores
desenvolve planejamento personalizado, de forma integrada aos objetivos e
necessidades de cada cliente. Em 2021, a consultoria estreou no mercado de
franquias, dentro dos planos de expansão da marca. www.gonext.com.br