Parabéns
corretor de imóveis?
Por Marcelo Sicoli*
Dia 27 de agosto é comemorado o dia do Corretor de Imóveis. Este
profissional tem grande interface com os síndicos, como eu. Tenho a visão dos
dois lados, pois também tenho registro naquela categoria. No Brasil, são 25 conselhos
regionais dos corretores de imóveis, os CRECIs, representando as 27 unidades da
federação, subordinados ao COFECI. O CRECI é uma autarquia pública federal,
como o CRM, CRO, CREFITO, OAB, etc. Fiscaliza a atuação desses profissionais,
influencia em pautas legislativas, promove palestras e tem grande conexão com
órgãos públicos e com a sociedade.
As eleições para os CRECIs acontecem a cada 3 anos. Em 2018, chamou
atenção o fato de que todas as chapas de oposição tiveram suas candidaturas
impugnadas, ou seja, elas sequer tiveram o direito de concorrer. Algo difícil
de crer para um observador externo, de que o quadro se repetisse por todo o País,
do Piauí, passando por São Paulo até o Rio Grande do Sul. O DF foi um dos
poucos estados cuja chapa de oposição conseguiu na justiça participar do
certame. Além disso, a oposição ganhou o pleito. No entanto, mesmo após a
derrota nas urnas da atual chapa de situação, a maratona jurídica permanece.
Como ser humano e corretor de imóveis, me entristece este apego desmedido pelo
poder para cargos honoríficos, isto é, sem remuneração.
Enquanto a categoria se fragmenta, a profissão também é enfraquecida por
pressões diversas: exercício ilegal da profissão por parte de porteiros e
síndicos não qualificados; aplicativos que sugerem a remoção deste profissional
da intermediação de aluguéis e vendas, apesar de todo o risco e limitações
envolvidas; decisão no CADE no sentido de remover a tabela referencial de
honorários, isto é, em um eventual calote no recebimento de uma comissão, perde-se
um embasamento numérico para ingresso em ações judiciais de cobrança. E acreditem,
já ouvi muitas histórias envolvendo falta de ética entre compradores e
vendedores, ou mesmo entre corretores de imóveis, que traem os próprios colegas
de profissão. Pasmem: com frequência lido com estelionatários também.
Um outro aspecto que causa preocupação aos corretores é a grande
quantidade de imóveis comerciais vazios, disponíveis para aluguel, em grandes
centros como Brasília, São Paulo e especialmente Rio de Janeiro. Visualmente já
constatei isso em prédios comerciais que entro, alguns com quase 10 anos de
existência e com muitas lojas ainda vazias. Esse excesso de oferta faz com que
os inquilinos tenham grande poder de barganha sobre os valores dos aluguéis, o
que também leva a uma desvalorização ainda maior do valor dos imóveis
comerciais, afinal de contas, para um investidor, pode ser melhor deixar o
dinheiro no banco do que imobilizá-lo na forma de um imóvel.
Outro tema de inquietação dos profissionais do ramo de imóveis são os
crescentes custos condominiais. Essa estrutura de custos sofreu aumentos acima
da inflação nos últimos anos em conexão com a elevação dos custos trabalhistas
e especialmente o aumento nas tarifas de energia elétrica. Sabe-se que a taxa de
condomínio é um fator relevante na tomada de decisões e que não pode ser facilmente
flexibilizada, quer dizer, reduzida mediante negociação, como é no caso do
aluguel. Como consultor de alguns condomínios, ouço afirmações genéricas e
pouco construtivas, como: “Este
condomínio está caro!”, “No condomínio X a taxa é mais barata que no Y!” ou “Temos que reduzir despesas”.
A taxa de condomínio é basicamente a soma da previsão de despesas daquele
empreendimento divido pela quantidade de unidades por fração ideal. Assim, quanto
maior o imóvel, maior será a taxa dentro daquele contexto. Aspectos muito
diversos compõem a estrutura de custos: tempo da construção (e suas respectivas
manutenções com o envelhecimento da edificação), quantidade de elevadores, gás
e água inclusos ou não, quantidade de funcionários, gerador de energia,
demandas judiciais ou mesmo rendas extraordinárias com alugueis de depósitos,
vagas de garagem, antenas de telefonia, reuso de água de torneiras e chuva,
geração de energia solar, que alguns síndicos como eu já implementaram em seu
condomínio para aumentar receitas ou reduzir despesas.
A quantidade de unidades para dividir a conta é relevante também. Há
prédios com 36 unidades com estruturas idênticas a outro com 120. Em São Paulo,
certos prédios residenciais dispõem de vigilância armada, grande área de lazer para
15 apartamentos apenas, que pagam mensalmente quantias acima de R$10 mil por
mês apenas de taxa de condomínio. Ao invés de criticar seu síndico e
administradora de condomínio, é gentil ao menos minimamente entender seu
trabalho. Bastante complexo vale registrar.
Finalmente, aos corretores de imóveis, desejo que continuem fortes no
desenvolvimento do mercado imobiliário brasileiro. São figuras centrais em
ajudar famílias na realização do sonho da casa própria, ou mesmo de quem
precisa de uma casa, apartamento, loja, sala comercial, galpão, terreno, fazenda
ou sítio mais adequado a sua condição financeira e a sua estrutura familiar,
etária ou corporativa.
*Síndico do Centro Clinico
Sudoeste(Brasília-DF), premiado
nacionalmente e internacionalmente. Consultor internacional e corretor de
imóveis (Creci-DF 20576). E-mail: sindicoccs@outlook.com WHATSAPP: (61)98162-8891