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ÁGUA – USO E REUSO EFICAZ - Por: Claudio Souza





Com trabalhos reconhecidos nacionalmente pela acuidade no que tange ao assunto que, diga- se de passagem, extremamente relevante no contexto mundial: sustentabilidade e responsabilidade social (veja em Neo Engenharia e Gestão de Sustentabilidade) Claudio Souza, engenheiro civil, nos brinda com informações que mudará nossa ótica sobre atitudes corretamente sustentáveis.

Vem com a gente!





ÁGUA – USO E REUSO EFICAZ

A atual crise hídrica do Brasil é a pior da história, apesar do país possuir um quinto da reserva hídrica
do mundo. Vários estados e suas principais cidade vivem dias de racionamento e a crise agrava-se dia após dia.

A escassez da oferta de água no Brasil tornou-se mais grave a partir de 2014, quando a região sudeste
foi a mais afetada. Segundo a Política Nacional de Recursos Hídricos¹ a água é um bem de domínio
público, mas nem por isso devemos trata-la com desprezo. O crescimento demográfico e, consequente, o aumento do consumo; a diminuição do volume de chuvas (devido ao crescente desmatamento) e o desperdício são as principais causas da insuficiência deste bem tão precioso. Para evitar a carência deste recurso não podemos só fazer a economia do seu consumo, precisamos fazer mais.

O uso consciente é primordial, mas eficiência e eficácia no trato não é simplesmente fechar as
torneiras ou elaborar um PCA – Programa de Conservação de Água (que implica em elaborar ações para otimizar o consumo de água com a consequente redução do volume de efluentes gerados), devemos pensar em como usar e em também em como reutilizar. 

Como a diversidade de uso é grande deve-se atentar para os parâmetros de análise da água para cada classe de reuso. É importante o controle de alto teor de surfactantes, matéria orgânica, nitrato e fosforo, turbidez elevada e matéria fecal. 

Uma pesquisa da Universidade de São Paulo² encontrou presença de coliformes fecais em 98% das amostras coletadas nos reservatórios de água de chuva, 91% das amostras tinham clostrídio sulfito redutor (causador de intoxicação alimentar), em 98% das amostras existia enterococos (causam diarreias agudas) e em 17% das amostras continham pseudômonas (provocam infecções urinárias).

O reuso da água é cada vez mais necessário, porém, para reutilização inteligente da água, não se
pode fazê-lo de qualquer forma. Deve-se respeitar alguns procedimentos definindo sua utilização quanto a classificação. São 4 tipos de classes, algumas serão utilizadas na construção civil, outras para resfriamento em torres de ar condicionado, outras para bacias de vasos sanitários e lavagens de roupas, carros e pisos.

Um projeto bem elaborado para reuso de água deve conter:

  •  Identificação da classe de reuso;
  •  Identificação de qual tipo de água vai ser reutilizada;
  •  Definição e dimensionamento da ETA a ser utilizada (processo e volume de tratamento);
  •  Identificação e dimensionamento dos locais em que a água será reutilizada;
  • Dimensionamento da Reserva técnica;
  • Projeto de “as built”. (Projeto de como foram executadas as alterações).


Devemos lembrar também que todas as fontes alternativas de água devem ser tratadas de forma a
respeitar suas características, estas fontes podem ser as águas cinzas (chuveiros, lavatórios, tanques e
máquinas de lavar), águas pluviais (provenientes das chuvas), águas de drenagem de terrenos (água que aflora ou mina na escavação de terrenos para construção) e águas negras (esgoto proveniente de bacias sanitárias e cozinha).

Definir ações técnicas quanto ao uso da água (identificando falhas nas instalações hidráulicas),
instalar dispositivos e equipamentos (que reduzem o consumo), elaborando campanhas educacionais (para economia da água), definir o tratamento adequado da água para reuso (utilizando as normas técnicas), incentivar e exigir a aplicação das normativas das concessionárias e agencias regulamentadoras são alguns exemplos de ações que irão colaborar, a médio e longo prazo, para melhoria do cenário hídrico nacional.

¹ Lei Nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, ART 1°, inciso I.
² MAY, SIMONE. Estudo da viabilidade do aproveitamento da água de chuva para consumo não potável em edificações. S. May. – São Paulo, 2004.

*Claudio Souza é autoridade nacional no que tange a reuso e aproveitamento de águas. Sócio e diretor da NEO ENGENHARIA E GESTÃO DE SUSTENTABILIDADE

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